domingo, 2 de dezembro de 2012

Gestão de estoques

Gestão de estoques ou Administração de estoques é uma área crucial a boa administração das empresas,pois o desempenho nesta área tem reflexos imediatos nos resultados comerciais e finaceiros da empresa.
O objetivo da gestão de estoques envolve a determinação de três decisões principais:
Quanto encomendar,
Quando encomendar; e
Quantidade de estoque de segurança que se deve manter para que cada artigo assegure um nível de serviço satisfatório para o cliente.
Estas decisões assumem uma dinâmica repetitiva ao longo do tempo, e tornam-se complexas devido ao enorme leque de fatores envolvidos na tomada das mesmas.Para resolver este problema utiliza procedimentos matemáticos e estatísticos entre eles:
Classificação dos itens estocados,em destaque a classificação ABC(Análise de Pareto).
Estimativas de demandas,classificadas em dependente e independente.
Estimativas de parametros como Estoque Máximo, Estoque De Segurança,Ponto De Encomenda.
Todas as organizações,seja qual for o setor de atividade em que operem,partilham a seguinte dificuldade:como efetuar a manutenção e controle do estoque.Este problema não reside apenas nas empresas mas também em instituições de carácter social e/ou de índole não lucrativo,visto os estoques existirem transversalmente na sociedade,sejam em explorações agrícolas,fabricantes,atacadistas,varejistas,mastambém em escolas,igrejas prisões e em todo o tipo de estabelecimentos comerciais.Apesar deste problema existir desde sempre,apenas no século XX se começaram a estudar e a desenvolver técnicas no sentido de lidar com esta questão,que se tornou mais relevante depois da Segunda Guerra Mundial,onde a incerteza era constante e que levou a que se dessem, de uma forma mais ou menos secreta,os primeiros passos na gestão de estoques.Se teoricamentea gestão de estoques é a área das operações organizacionais mais desenvolvida, a prática mostra precisamente o contrário.

Fazer com que um produto em estoque esteja constantemente pronto a dar resposta a uma encomenda de um cliente será uma boa definição para gestão de estoques.A sua boa gestão passa por satisfazer a exigência,satisfazendo também a componente económica.

Classificação de estoques

Classes preconizadas por Plossl.
Matéria-prima-são diversos tipos de materiais usados no processo de fabrico e que servirão para a obtenção do produto final;
Componentes - subconjuntos que irão constituir o conjunto final do produto;
Produtos em via de fabrico - componentes ou materiais que estão em espera no processo produtivo;
Produtos acabados - são os produtos finais que se encontram para venda,para distribuição ou armazenagem.
Baseado na sua utilidade,os estoques podem ainda ser colocados numa destas categorias.
estoque em lotes - constitui o estoque adquirido no sentido de antecipar as exigências,nesse sentido,é feita uma encomenda em lotes numa quantidade maior do que o necessário;
estoque de segurança - é o estoque destinado a fazer face a incertezas tanto do ponto de vista do fornecimento como das vendas;
estoque sazonal - trata-se do estoque constituído para afrontar picos de procura sazonais, ou rupturas na capacidade produtiva.
estoque em trânsito - são artigos armazenados com vista a entrarem no processo produtivo;
estoque de desacoplamento - trata-se do estoque acumulado entre atividade da produção ou em fases dependentes.
estoque parado ou congestionado - este é designado desta forma visto os artigos terem uma produção limitada,entrando por isso numa espécie de competição.Visto os diferentes artigos partilharem o mesmo equipamento de produção e os tempos de instalação,os produtos tendem a acumular enquanto esperam que o equipamento fique disponível.
Vantagens na constituição de estoques

Fatores mais relevantes que levam as organizações a constituir estoque:
Podem-se constituir estoques com uma finalidade especulativa,comprando-se os mesmos a baixos preços para os vender a preços altos;
Para assegurar o consumo regular de um produto em caso de a sua produção ser irregular;
Geralmente,na compra de grandes quantidades beneficia-se de uma redução do preço unitário;
Não sendo prático o transporte de produtos em pequenas quantidades,opta-se por encher os veículos de transporte no intuito de economizar nos custos de transporte, o que se traduz numa constituição de estoque;
A existência de estoque pode-se justificar apenas pela legítima preocupação em fazer face às variações de consumo;
Para prevenção contra atrasos nas entregas,provocados por avarias durante a produção,greves trabalhistas,problemas no transporte,etc;
Armazenamento de produtos,se a produção for superior ao consumo, em alturas de crise poderá contribuir para evitar tensões sociais;
Beneficia-se da existência de estoque,quando este evita o incómodo de se fazer entregas ou compras demasiado frequentes.
Desvantagens na constituição de estoques
Principais inconvenientes na constituição de estoques:
Um dos inconvenientes diz respeito à própria fragilidade de certos produtos, que não possuem condições de serem mantidos em estoque ou poderão ser mantidos em períodos muito curtos;
Outro problema, diz respeito ao custo de posse traduzido no fato de existir material não vendido que vai acabar por imobilizar capital sem acrescentar valor;
A ruptura apresenta-se como um enorme inconveniente,visto que a ocorrência desta irá provocar vendas perdidas e em casos extremos poderá levar à perda de clientes.
Decisões na gestão de estoques
Classificação de algumas decisões a tomar na gestão de estoques,por categorias e sub-categorias:

Periodicidade
Encomenda única
Mais de uma encomenda
Artigos em estoque 2
Origem
Exterior ao fornecedor
Do fornecedor
Procura
Procura constante
Procura variável
Procura independente
Procura dependente
Lead time ou tempo de aprovisionamento
Lead time constante
Lead time variável
Sistemas de gestão de estoques
Revisão contínua
Revisão periódica
MRP
DRP
Quantidade ótima de encomenda
Custos da gestão de estoques

Custos de aprovisionamento
Corresponde ao custo de processamento da encomenda,que poderá ser a compra feita a um fornecedor,mas também aos custos associados à inspecção e transferência do material,assim como os custos relativos à produção.

Custos de posse
São os custos diretamente relacionados com a manutenção dos artigos em estoque,poderão ser de obsolescência,de deterioração,impostos seguros,custo do armazém e sua manutenção e custos do capital.

Custos de ruptura
Estes custos surgem quando não há material disponível para fazer face ao(s)pedido(s)do(s)cliente(s).Com isso,não só são gastas mais horas e trabalho na elaboração de novos pedidos,como em casos extremos poderá levar à perda do(s)cliente(s).

Embora estes sejam considerados os três principais custos associados à gestão de estoques, Plossl,refere ainda um quarto grupo,designado por custo associado à capacidade,que são os custos relacionados com questões laborais como horas extraordinárias,subcontratações e períodos de inatividade por parte do trabalhador.

Sistemas de procura independente: modelos determinísticos

Um dos fatores principais que levam as organizações a constituir estoque é a possibilidade dessa mesma organização poder adquirir ou produzir artigos em lotes de quantidade económica.As organizações que usam lotes de quantidade economica,fazem-no sentido de manter um estoque de artigos mais ou menos regular,artigos esses,que têm uma procura constante e independente.Os lotes de quantidade económica são estabelecidos por estes modelos determinísticos para artigos com procura independente,sejam eles produzidos ou adquiridos.Para determinar a melhor política no que toca à gestão de estoques,é necessária informação sobre previsões da procura,custos associados à gestão de estoques e tempo de aprovisionamento. Nos modelos determinísticos, as variáveis e todos os parâmetros são conhecidos ou podem ser calculados. A taxa de procura e os custos são também conhecidos com elevado grau de certeza e pressupõe-se que o tempo de reaprovisionamento é constante e independente da procura.

Sistemas de quantidade fixa de encomenda

As respostas às questões quando e quanto encomendar,dependem do natureza da procura e dos parâmetros usados para caracterizar o sistema. Neste caso, é assumido que a procura é conhecida e constante, o que significa que o número de artigos a encomendar e o tempo entre o processamento de encomendas não sofrem também eles variação. Os artigos são sujeitos a uma revisão contínua e quando o ponto de encomenda atinge um determinado nível,é feito o pedido de uma nova encomenda com um número fixo de artigos.

Quantidade económica de encomenda EOQ

A quantidade a encomendar que minimiza o custo total é designada por quantidade económica de encomenda. O nível máximo de estoque Q é atingido no momento em que se verifica a recepção de encomenda e o nível mínimo no momento imediatamente anterior à sua recepção.Quando o nível de estoque atinge o ponto de encomenda s, uma nova encomenda de Q unidades é colocada. A política de gestão a adoptar é portanto a minimização do custo total anual (CT)(UM/ano) que é dado por: onde:

Q = quantidade a encomendar (unidades)
c = custo unitário (UM/unidade)
D = procura anual do artigo (unidades/ano)
Ic = custo de posse unitário anual por unidade (UM/unidade ano)
Ca = custo associado à realização de uma encomenda (UM)
L = prazo de aprovisionamento
e o ponto de encomenda s traduz-se da seguinte forma: s = D * L.

Nota: as variáveis foram adaptadas ao português no sentido de facilitar a compreensão.

Descontos de quantidade
É um processo recorrente por parte dos fornecedores, aplicar descontos nos artigos de uma encomenda no sentido de incentivar os compradores a encomendar em grandes quantidades. Sendo verdade que o comprador beneficia ao ver reduzido o preço unitário, por outro lado ao encomendar em grandes quantidades aumenta o custo de posse,visto aumentar o seu nível de estoque. O objetivo consiste em identificar a quantidade ideal que minimize o custo total.São normalmente destacados dois tipos de descontos de quantidade, o desconto em todas as unidades, que resulta na redução do preço unitário na compra de grandes quantidades e o desconto incremental que aplica a redução de preço apenas se a encomenda de alguns artigos atingir uma quantidade previamente estabelecida, ou seja podem existir vários preços dentro do mesmo lote encomendado.

Sistemas de produção em lotes
Neste sistema,a constituição dos artigos em estoque faz-se em lotes, onde os produtos 'competem' pela capacidade de produção enquanto componentes individuais ou da mesma família de produtos,sendo muitas vezes produzidos com o mesmo equipamento.O planeamento da produção por lotes envolve a determinação do número ideal de artigos que deverão fazer parte de cada produção, esperando com isso minimizar o custo total anual.

Quantidade económica de produção(EPQ)
Este modelo pressupõe que quantidade encomendada de um determinado artigo é recebida num determinado tempo previamente estabelecido, para satisfazer as necessidades daquele período.Este conceito é aplicável quer o produto seja produzido internamente ou adquirido externamente.Este modelo torna-se importante na medida em que,se um artigo produzido com procura constante é de imediato constituído em estoque,é fundamental que a quantidade de produção a encomendar seja desde logo determinada.

Sistemas periódicos de encomenda
São sistemas em que as encomendas são colocadas de T em T períodos de tempo previamente determinados e onde a quantidade a encomendar depende da procura (conhecida) entre revisões.De T em T períodos de tempo faz-se uma revisão do estoque e encomenda-se a quantidade necessária para elevar o nível de estoque ao nível máximo pretendido.

Intervalo ótimo de encomenda (EOI)
Este modelo também designado por valor óptimo de T tem como objectivo principal determinar T e o respectivo valor máximo de estoque associado.Este valor óptimo de T obtém-se com a minimização do custo total anual, para um só artigo,e é dado por:

onde:
T = valor óptimo de tempo entre o qual se encomenda
c = custo unitário (UM/unidade)
D = procura anual do artigo (unidades/ano)
Ic = custo de posse unitário anual por unidade (UM/unidade ano)
I = taxa de custo de posse
Ca = custo associado à realização de uma encomenda (UM)
L = prazo de aprovisionamento
S = ponto de encomenda s = D * (L + T).
Resta referir que o modelo do intervalo óptimo de encomenda possui duas aplicações,para um só artigo, visto anteriormente, e para múltiplos artigos, também designado por grupagem, onde o T é calculado da seguinte forma:

e S = ponto de encomenda sj = Dj * (L + T).

Nota: as variáveis foram adaptadas ao português no sentido de facilitar a compreensão.

Sistemas de procura discreta ou variável: modelos determinísticos
A procura discreta pode ocorrer na procura dependente ou independente dos artigos.Quando a taxa de procura varia com o tempo não de pode assumir,tal como se fez anteriormente, que a melhor política para a gestão de estoques é encomendar sempre a mesma quantidade.A realização de uma análise exata transporta uma maior complexidade visto que a representação do nível de estoque ao longo do tempo, mesmo com uma encomenda de quantidade fixa, não apresenta a simplicidade dos modelos anteriores.A informação sobre a procura ocupa agora um papel fundamental na determinação da quantidade ótima a encomendar num determinado período de tempo.Período de tempo este que é designado por horizonte de planeamento e a sua duração poderá ter um efeito nas quantidades a encomendar e nos respectivos custos.Um horizonte de planeamento reduzido poderá permitir uma maior precisão dos dados em análise.

As políticas de encomenda destes modelos têm em conta variadíssimos aspectos,aqui sintetizados:

A procura, conhecida, ocorre no início de cada período mas poderá mudar de um período para outro;
O horizonte de planeamento tem uma duração finita e é composto por intervalos de tempo de duração semelhante;
As encomendas deverão ser colocadas em cada período seguindo ordem cronológica definida no horizonte de planeamento;
Todos os recursos em cada período deverão estar disponíveis no início de cada período;
Não são contemplados descontos de quantidade;
Todos os artigos são tratados de uma forma independente dos outros artigos;
A encomenda é inteiramente entregue na mesma altura não sendo admitidas rupturas de estoque;
Os artigos encomendados num determinado período não serão contabilizados no início do período;
Os custos relacionados com a gestão de estoques e os tempos de aprovisionamento são conhecidos e não são variáveis com o tempo;
Assume-se que as encomendas colocadas no início de cada período sejam recebidas a tempo para fazer face às necessidades daquele período;
Não são feitas previsões do estoque para além do último período no horizonte de planeamento;
É considerado que o ´estoque inicial é nulo.
Encomendas lote a lote (LFL)
Onde o tamanho ideal de lote é a quantidade necessária para cada período de tempo. Como esta técnica não contempla a transferência de artigos de um período para outro, é possível reduzir os custos de posse, no entanto ignora os custos de processamento da encomenda.É aplicada em artigos com custo elevado,artigos comprados ou produzidos que estão sujeitos a procura extremamente descontínua.
Quantidade periódica de encomenda
A quantidade periódica de encomenda aplica-se a artigos com procura variável num determinado período de tempo.É baseada na EOQ e é dada pelo Intervalo óptimo de encomenda(EOI) e é calculada da seguinte forma:
onde:
c = custo unitário (UM/unidade)
D = procura anual média do artigo (unidades/ano)
Ic = custo de posse unitário anual por unidade (UM/unidade ano)
I = taxa de custo de posse
Ca = custo associado à realização de uma encomenda (UM)
Nota:as variáveis foram adaptadas ao português no sentido de facilitar a compreensão.

Algoritmo Wagner-Whitin
Este algoritmo consiste num procedimento que levará à resolução de um problema através de um processo repetitivo.Tem como objetivo definir um plano de satisfação das procuras,período a período no horizonte de planeamento, que conduza ao valor mínimo do custo total.

Algoritmo Silver-Meal
Este modelo desenvolvido por Edward Silver e Harlan Meal criou a partir do EOQ básico uma aproximação que optimiza o Algoritmo Wagner-Whitin para um horizonte de planeamento.Esta técnica selecciona a quantidade a encomendar a partir das necessidades para cada período,tendo como objectivo minimizar custos de aprovisionamento e de posse para cada período.

Algoritmo peça-período
Esta técnica tem como objectivo eliminar ou reduzir a permanência desnecessária em estoque de artigos com procura variável.É baseado no mesmo princípio da EOQ, ou seja,o custo total mínimo é obtido quando os custos de aprovisionamento e de posse têm o mesmo valor.No entanto este fato não se verifica para encomendas de quantidades discretas.

Sistemas de procura independente: modelos probabilísticos
Ao contrários dos modelos determinísticos, onde a procura e o tempo de aprovisionamento são tratadas como constantes matemáticas,nos sistemas probabilísticos ou estocásticos são tratados como variáveis aleatórias.Estes modelos assumem que a procura é aproximadamente constante no tempo e com isso é possível indicar a distribuição probabilística da procura.Os modelos de gestão de estoques mais tradicionais, quantidade económica de produção e quantidade económica de encomenda não levam em linha de conta nas suas formulações a incerteza,o que para estes modelos constituem limitações.Essas limitações são aqui descritas:

A procura é conhecida, contínua e uniforme;
A taxa de produção é conhecida, contínua e uniforme;
O tempo de aprovisionamento é conhecido e constante;
Os custos de aprovisionamento são conhecidos e constantes;
Os custos de posse são conhecidos, constantes e lineares;
Não existe limitação de recursos;
Não é ,habitualmente, permitida a ruptura do estoque;
O custo de inspecção do estoque é insignificante.
Estoque de segurança
O estoque de segurança é determinado directamente através de previsões.Não conseguindo serem estas previsões absolutamente exatas,o estoque de segurança irá funcionar como uma protecção quando a procura atinge valores superiores ao esperado.Como foi referido anteriormente as principais variáveis a ter em conta são a procura e o tempo de aprovisionamento designado também por prazo de entrega.É nestas variáveis que o estoque de segurança irá desempenhar um papel fundamental na medida em que a satisfação da procura terá que ser garantida nas situações em que o prazo de aprovisionamento é superior ao valor médio previsto,a procura é superior ao valor médio previsto e no caso de as duas situações acontecerem simultaneamente.É ainda importante referir a relação directa existente entre o aumento dos estoques de segurança e:

Aumento dos custos de ruptura e dos níveis de serviço;
Descida dos custos de posse;
Maiores variações na procura;
Maiores variações no prazo de entrega (tempo de aprovisionamento).
Análise estatística
Quando a procura é probabilística, mais do que minimizar custos é necessário minimizar os custos esperados. Nesse sentido, se a distribuição da procura é discreta, o custo esperado é obtido somando os diferentes custos e multiplicando-os pelas probabilidades que lhe estão associadas, determinando assim a melhor política a seguir na expectativa de atingir custos reduzidos. As distribuições estatísticas usadas para estes cálculos são as seguintes:

Distribuição Normal
Para demandas normalmente distribuídas a relação entre o estoque de segurança(ES) e o nível de serviço é uma função da probabilidade acumulada da demanda ao longo do prazo de entrega do material(leadtime = LT) dada por:

Onde:

z = fator que relaciona o número de desvios padrão necessários para um dado nível de seviço percentual

σD = desvio-padrão da demanda(medido como o desvio-padrão da população)

LT = Prazo de entrega (leadtime) assumido como um valor constante.

Para os casos em que o leadtime também é uma variável aleatória e normalmente distribuida o estoque de segurança assume a forma:

Onde:

z = fator que relaciona o número de desvios padrão necessários para um dado nível de seviço percentual

D = Demanda média

LT = Leadtime médio

σD = desvio-padrão da demanda

σLT = desvio-padrão da leadtime

Na prática o valor de z adequado pode ser calculado com o uso da função INV.NORMP(% Serviço)em uma planilha eletrônica.
Custos de ruptura
Os custos de ruptura são normalmente os mais difíceis de identificar. Estes podem ter origem em encomendas devolvidas ou devido a vendas perdidas e são expressos por unidade.O balanço dos custos é por vezes feito com base no efeito da própria insatisfação dos clientes.São utilizadas técnicas para tentar estabelecer o ponto de encomenda e o estoque de segurança, quando os custos de ruptura estão determinados podendo nestes casos,a procura e prazo de entrega serem constantes ou variáveis.São aqui referidas estas principais causa tratadas pelas técnicas de previsão:
Procura e tempo de aprovisionamento constantes;
Procura variável e tempo de aprovisionamento constante;
Encomendas devolvidas: custo de ruptura por unidade;
Encomendas devolvidas: custo de ruptura por indisponibilidade;
Vendas perdidas: custo de ruptura por unidade;
Procura constante e tempo de aprovisionamento variável;
Procura e tempo de aprovisionamento variáveis.
Nível de serviço
O nível de serviço é normalmente definido como sendo o quociente entre o número de unidades entregues e número de unidades pedidas, expresso em percentagem.Tendo em linha de conta que o desconhecimento à cerca dos custos de ruptura é uma condição habitual nas organizações, torna-se normal para os gestores ajustarem os níveis de serviço para pontos de encomenda onde o mesmo pode ser verificado. O nível de serviço está intimamente relacionado com o nível de objetivo que a organização pretende atingir.Existem várias formas de medir o nível de serviço, informaticamente, em unidades, em capital e até em pedidos de encomendas. O estabelecimento do nível de serviço é em grande parte das vezes mais uma medida de gestão subjetiva do que uma rigorosa justificação científica.Os níveis de serviço tomam distintos significados, dependendo da forma como se escolhe o critério de decisão.São usados por norma quatro critérios:

Frequência do serviço por ciclo de encomenda;
Frequência do serviço por ciclo por ano;
Número de unidades com procura;
Número de dias operacionais.
Restrições
Na determinação dos sistemas de gestão de estoques mais favoráveis não foram consideradas restrições, no entanto elas existem e os sistemas estão normalmente sujeitos a condicionalismos físicos e/ou monetários.Como a gestão de estoques é um subsistema de uma organização,é necessário otimizar o sistema de gestão de estoques tendo em conta o sucesso global da organização.

Restrição de capital
Os gestores de estoques deparam-se com alguma frequência com a situação de não dispor de capital necessário para poder adquirir a quantidade ótima de cada artigo. O objetivo passa portanto,em minimizar os custos sendo C o capital disponível para a aquisição de n artigos. Considera-se a seguinte restrição:
onde:
C = capital disponível (UM);
Q = quantidade a encomendar (unidades);
c = custo unitário (UM/unidade).
Se for considerado o fator de normalização g,utilizado no caso de os artigos não chegarem todos ao mesmo tempo,e que toma valores de 0 a 1,calcula-se o valor da restrição multiplicando a expressão anterior por este fator (g).

Restrição da capacidade de armazenagem
Considera-se que um sistema tem uma capacidade disponível para armazenagem para n artigos mantidos em estoque, capacidade esta que é medida em metros cúbicos (m3).Consistindo o objetvo primordial,na minimização dos custos, o custo total é calculado da seguinte forma:
onde:
Q = quantidade a encomendar (unidades)
c = custo unitário (UM/unidade)
D = procura anual do artigo (unidades/ano)
Ic = custo de posse unitário anual por unidade (UM/unidade ano)
Ca = custo associado à realização de uma encomenda(UM)
Nota: as variáveis foram adaptadas ao português no sentido de facilitar a compreensão.

Quantidade única de encomenda
A quantidade única de encomenda tem focalizado o planeamento e o controle dos artigos comprados apenas durante um único período de tempo. Os modelos como a quantidade económica de encomenda(EOQ),quantidade económica de produção (EPQ) e intervalo ótimo de encomenda (EOI) não aplicam a quantidade única de encomenda devido a três fatores principais, a procura não é constante, o nível de procura pode altera-se abruptamente de período para período e/ou a vida comercial do produto pode ser de curtíssima duração.Este modelo pode ser facilmente aplicável a dois tipos de categorias de procura, artigos com intervalos de procura pouco frequentes e para artigos com procura variável, com intervalos frequentes, que têm uma vida comercial de curta duração.Os problemas relacionados com quantidade única de encomenda são classificados de acordo com a origem, procura e tempo de aprovisionamento.Algumas técnicas utilizadas na resolução destes problemas são baseadas nestes principais fatores:

Procura e tempo de aprovisionamento conhecidos;
Procura variável e tempo de aprovisionamento conhecido;
Análide de benefícios;
Análises de custos;
Procura e tempo de aprovisionamento variáveis.
Sistemas de procura dependente: planejamento das necessidades de materiais(MRP)
A procura é considerada dependente quando existe um relação directa entre a procura de um artigo e a procura de um outro artigo relacionado diretamente com este.Esta procura de artigos dependentes resulta da necessidade de utilizar um artigo na produção de um outro, por exemplo matérias-primas,componentes de um produto,subconjuntos usados no fabrico de um produto final. Um exemplo frequentemente utilizado é o que relaciona uma bicicleta e as suas respectivas rodas,onde a bicicleta enquanto produto final poderá ter uma procura constante e independente enquanto as rodas como subprodutos do produto final têm uma procura variável e dependente.

MRP
O MRP tem como objetivos primordiais determinar o momento adequado para a realização da encomenda e a quantidade óptima a encomendar de cada componente constituinte do produto final,de modo a minimizar os custos totais. Este sistema computarizado,é também caracterizado por contribuir para a melhoria da capacidade de planeamento, procurando responder de uma forma rápida e eficaz às variações do mercado, ou seja às necessidades de produção.O MRP é aplicado a qualquer artigo, produzido ou comprado, sujeito a procura dependente, à fabricação de componentes, subconjuntos e artigos de uma só peça.O MRP pretende dar resposta às seguintes questões:

Quando e quanto se deseja produzir de um artigo?
Que componentes são necessários?
Quanto é que já existe em estoque desse(s) componente(s)?
Que quantidade já foi encomendada e quando é que é recebida?
Quando é que é necessário receber nova encomenda e em que quantidade?
Quando é que deve ser processada nova encomenda?
Estoque em processo de fabrico e Just-in-Time
estoque em processo de fabrico consiste em todos os artigos em fase de fabrico, ou seja o processo de produção está a decorrer mas é necessário que decorram outras etapas antes que o produto se torne num artigo acabado ou num produto final.Em algumas organizações estes artigos chegam a representar 50% do investimento total com o estoque.Este investimento advém dos custos com o material, horas de trabalho e custos de fabrico que são contabilizados desde o início do processo de produção com as matérias-primas até ao final do processo com a armazenagem e/ou venda dos artigos.Um fator a destacar deste processo resulta em que, um excesso de estoque em processo de fabrico contribui para o aumento do tempo de ciclo de produção.Tempo esse que apresenta as seguintes fases:

Tempo de aprovisionamento(lead time);
Tempo de instalação;
Tempo de início de produção;
Pontos de estrangulamento;
ContolE de input/output;
Regra da 'relação crítica'.
Just-in-Time (JIT)
O JIT é uma filosofia organizacional que pugna pela excelência,ou seja,representa uma estratégia de produção que pretende que tudo (produção,transporte, encomendas) ocorra no tempo certo.Os principais objetivos desta filisofia são:

Inexistência de defeitos;
Tempo de instalação nulo;
Inexistência de excesso de artigos;
Ausência de manipulação;
Ausência de afluência;
Inexistência de avarias;
Tempo de aprovisionamento nulo.
Sistemas de distribuição de estoques
Devido à dispersão geográfica da maior parte dos clientes, uma organização que produz ou fornece produtos tem necessidade de ter armazéns em vários locais.À medida que o mercado alvo se expande geograficamente,a cadeia de ligação tem também de se estender, no caso de uma organização controlar mais do que um nível de distribuição, é importante a criação de uma rede de distribuição.Estes sistemas têm por isso de dar resposta a algumas questões críticas como sejam:

Onde localizar os centros de distribuição?
Que quantidade de artigos manter em estoque em cada armazém?
Como repor o estoque em cada centros de distribuição?
Sistemas de distribuição Push vs Pull
Num sistema pull cada centro de distribuição decide que quantidade é necessária encomendar e reage à procura sem procurar antecipá-la.Num sistema push,é a central de distribuição que determina as quantidades necessárias para cada centro,desenvolvendo também as previsões da procura.

Planeamento das necessidades de distribuição (DRP)
O DRP é a aplicação do conceito do MRP à distribuição dos materiais, é um processo de 'implosão' desde os níveis mais baixos da rede de distribuição até à central de distribuição.

Medição e avaliação do estoque
O estoque é constituído por características físicas objetivas,fluxos de bens, e financeiras,fluxos de capital,onde a vertente é mais subjectiva.Estes atributos são normalmente analisados separadamente de outras questões no interior da organização. A vertente financeira da gestão de estoques está ligada à necessidade de medir o desempenho operacional num determinado período de tempo, juntamente com a análise da posição financeira da organização.Os procedimentos contabilísticos para os estoques dividem-se no método da avaliação e no método fluxo de estoque.
Fluxo de custos ou de capital
Os método do fluxo de estoque referem-se à forma como os artigos entram e saiem do estoque existente, onde a escolha deste método por parte da gestão irá determinar o fluxo de custos.

FIFO
Este método do fluxo de estoque,conhecido como FIFO representa um princípio em que os primeiros artigos a entrar em estoque são também eles os primeiros a sair.

LIFO
No conceito de LIFO o último artigo a entrar em estoque é o primeiro a sair.

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